Por toda a volta os seres humanos resistem. Por onde quer que nosso olhar se debruce a vida persiste. As sentenças todas, a humilhação e a dor, não são capazes de deter a esperança, nem de exilar a felicidade.

Por toda a volta os seres humanos resistem. Às vezes, se olharmos bem, parecem anjos avessos. Anjos de pés fincados no barro que entoam cânticos e que se amam; anjos com asas surpreendentes que contornam o frio; anjos caídos, cobertos da poeira do céu e do inferno. Por toda a volta há anjos assim, feitos de luz e olhos. Há anjos pequenos nas sinaleiras das grandes cidades; anjos confusos, metade crianças, metade fome e fumaça. Há anjos femininos que sobrevoam os parques e que dão à luz nos corredores dos hospitais. Há anjos velhos esquecidos e desabrigado, há anjos nus pelas florestas. Anjos que se arrastam e anjos que sonham; anjos belos e anjos feios; anjos com sexo que beijam e nos acariciam. Por toda a volta há anjos assim, feitos de boca e súplica. . Pelas ruas há anjos que nos protegem e anjos que nos perseguem. Há anjos ébrios, anjos drogados; anjos que partiram de si mesmos e anjos que se partiram em pedaços. Há anjos com botas, há anjos tatuados e anjos que caminham de mãos dadas.

Alguns entre nós, aprenderam a reconhecer estes anjos e travam com eles a luta mais importante. Sabem que os anjos desejam, sobretudo, serem tratados como seres humanos. Por isso, caminham misturados no seu caminho, oferecem acolhida aos seus movimentos e constróem com eles uma renovada vontade de voar. Alguns entre nós propõem este encontro e seguem com seus corações repletos de anjos que se ergueram e cerraram seus punhos; anjos que possuem nome próprio, anjos próximos que lhes dão o motivo para prosseguir.

Lembremo-nos dos anjos avessos que nos cercam. Que eles sejam, todos, reconhecidos como iguais e plenos de direitos. E que sigam únicos, diversos, apaixonadamente humanos.

Colaboração: Cibele Menini

 

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Página produzida para o Tempo de Poesia em setembro/2007.
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