Sob os teus pés
Marcos Rolim

Willian Bluter Yeats foi um dos mais importantes poetas da língua inglesa. Sua poesia revela um romantismo culto e uma originalidade dramática incomparável. Entre seus poemas há uma pequena composição que me perturba. Chama-se "He Wishes for the Clotls of Heaven". Mesmo correndo o risco de cometer um crime literário, uma tradução livre desses versos evoca o seguinte:

" Tivesse eu as roupas bordadas do paraíso

tecidas com luz dourada e prateada

o azul e o escuro e os negros panos da noite

e a luz e as metades luzes

Eu espalharia essas roupas sob os teus pés

Mas, sendo pobre, tenho apenas os meus sonhos

Eu tenho espalhado os meus sonhos sob teus pés

Por isso, pise suavemente, afinal

Você está andando sob meus sonhos."

O que W. B. Yeats tinha em mente quando escreveu esses versos? Talvez simplesmente, desejasse expressar ao seu amor o quanto dele havia já se despreendido por conta de seus pensamentos. Ele ofertaria o que de mais extraordinário e maravilhoso um amante pudesse conceber; sendo isso impossível, submeteu seus próprios sonhos ao amor que o fascinava. O poeta anuncia, ao mesmo tempo, que os sonhos são uma substância especialmente frágil e, por isso, sua declaração, para além daquilo que encerra de radicalmente humano, parece um apelo em favor do cuidado; uma prece pagã pela atenção e pela delicadeza.

Tudo o que passamos de alguma forma , torna nossos sonhos mais nítidos. Se há algo de radical nesse mundo, esse algo é o amor. O resto é o que fazemos quando estamos radicalmente sós. Lembrando Yeats, desejo que todas as pessoas possam amar intensamente o que, talvez, possa ser identificado com o ato de depositar nossos sonhos aos pés de alguém. E que aqueles que amamos possam andar sob nossos sonhos, suavemente.

Direitos autorais reservados
Colaboração: Cibele Menini
 


 

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